Domingo (08/03), é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Pensando na data, o Sebrae fez um levantamento e constatou que o número de empreendedoras voltadas à área tecnológica vem se aproximando ao de homens. Essa pesquisa aponta que 49% das empreendedoras voltadas à tecnologia buscaram cursos dentro da instituição para aprimorar seu modelo de negócio.
A primeira barreira a ser vencida pelo cientista é a compreensão de que seu produto é inovador e que existe um negócio que fará a diferença à sociedade. Para a analista do Sebrae Rio Marília de Sant’Anna, o principal desafio é trazer essa consciência para o empreendedor.
“Nesse aspecto, é preciso considerar que as empresas de cunho tecnológico são formadas por cientistas. Eles também são empreendedores que precisam do apoio na área de inovação e, principalmente, de mercado para inserir suas pesquisas como soluções não só para a micro e pequena empresa, mas também em benefício de toda a sociedade”, pontuou a analista.
A capacitação pelo Sebrae Rio foi fundamental para Bartira Rossi, da empresa LeishNano, que desenvolveu um implante nanotecnológico para o tratamento de Leishmaniose. “É preciso sair das bancadas dos laboratórios da faculdade. Isso o Sebrae nos ensinou e ajudou no desenvolvimento da mudança no escopo do projeto. No início, queríamos falar com o mercado farmacêutico, mas percebemos que o ideal era conversar com o Ministério da Saúde, além de buscar uma maior integração com as faculdades.”
O trabalho de conscientização ajudar a esclarecer sobre o potencial do produto, o modelo de inovação e o papel fundamental para levar as inovações ao mercado. Foi exatamente o que aconteceu com a microempreendedora Carina Gewerc. Durante uma viagem, ela precisou encontrar um salão de beleza e não obteve sucesso. Percebeu, então, que ali existia uma oportunidade de negócio. Carina investiu na criação de um aplicativo que permite encontrar um salão em qualquer lugar do país. Neste caso, o Sebrae Rio ajudou a repensar o modelo de negócio. A empresária acredita que o mercado está aberto para as mulheres, mas falta representatividade dentro da área.
“A presença das mulheres vem aumentando na área. Mas existe uma dificuldade de encontrar essa força feminina. Tem espaço. Acredito que faltam exemplos femininos que inspirem novas entradas de mulheres no mercado.”
Essa percepção é compartilhada por Luciana Duarte. Após fazer a transição do mercado formal de trabalho para o empreendedorismo, ela percebeu que não é fácil encontrar mulheres para trabalhar na empresa. “Dentro da Pura Bioglitter, as mulheres são 100% do nosso braço operacional. Nós precisamos quebrar essas barreiras. Elas sempre procuram desenvolver o modelo de negócio. Quando procurei o Sebrae, foi feito um diagnóstico do meu negócio. Isso ajuda a apontar o melhor caminho.”
Segundo a analista Marília de Sant’anna, o papel do Sebrae é despertar a força empreendedora do cientista e ajudar com soluções no mercado. “As cientistas são fornecedoras de inovações. O momento é ideal para novos modelos de negócio”, complementa.
“O Sebrae oferece métodos e consultoria para ajudar o cientista a fomentar o negócio e prospectar novos mercados. Com a redução dos recursos de pesquisas e o aumento da concorrência, o cientista precisa olhar para o mercado e entender como o seu negócio será aplicado. A sociedade só tem a ganhar com essas inovações”.
Perfil:
Doutora Bartira Rossi – Biomédica formada pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado, doutorado e pós-doutorado na área de Parasitologia e Imunologia, a Dra. Bartira Rossi Bergmann pesquisa profundamente a leishmaniose há mais de 20 anos. A empresa se chama LeishNano. Ela desenvolveu um novo tratamento (um implante nanotecnológico) para a Leishmaniose.
Perfil:
Carina Gewerc – Formada em Tecnologia de Informação. Ela já passou por grandes empresas e percebeu um nicho de mercado. Quando lançou a Trinks, ela e seus sócios buscaram estabelecimentos para oferecer seu aplicativo, que ajuda a encontrar qualquer salão de beleza ou barbeiro pelo país. Já são 40 mil estabelecimentos cadastrados em todo o país.
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Perfil:
Luciana Duarte – Em 2018, ela decidiu sair do mercado convencional e se juntou a Pura Bioglitter. A empresa desenvolve glitter com base de gelatina de alga e pó de mica, sem poluir o meio ambiente.
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Informações adicionais:
– O Sebrae Rio realizou pesquisa com as startups dentro do projeto de bioeconomia. O levantamento apontou que 60% das empresas, que procuram o projeto, estão prontas para escalar seu negócio.
– O número de biostartups que receberam investimentos de editais ou da iniciativa pública até 2017 era de 89%. No ano seguinte, 74% não conseguiram receber esses investimentos. O empreendedor entendeu que precisava conversar com a iniciativa privada ou investir seu próprio capital de giro no projeto.
– Uma empresa voltada à bioeconomia fatura, em média, entre R$ 10 mil e R$ 400 mil.
– Em 2017, a meta de 42% das empresas era oferecer tecnologias para terceiros (outras empresas de B2B). Um ano depois, esse percentual diminuiu e chegou a 29%. O número de biostartups que pretendiam produzir ou comercializar diretamente para o consumidor aumentou de 56% para 57%, entre 2017 e 2018, respectivamente.
– Mais pessoas estão se envolvendo na criação de biostartups. De acordo com o estudo, em 2017, as empresas tinham dois sócios empreendedores. Já em 2018, o número aumentou para três.